No ano em que se completam 80 anos sobre a “Feira das Colheiras” de Arouca, o Município e a Cooperativa Agrícola local promovem uma exposição evocativa e comemorativa deste que é – nas palavras de Margarida Belém, presidente da Câmara Municipal – “o mais importante cartaz cultural do concelho” e também “o mais querido do coração dos arouquenses”. Patente no Mosteiro de Arouca, abre a 26 de setembro, prolongando-se por um mês.
Instituída “nos tempos sombrios da segunda Grande Guerra e de crise económica” e como “ato de exaltação da lavoura e da fertilidade da terra”, por António de Almeida Brandão (então presidente da Câmara e gerente do Grémio da Lavoura), a Feira das Colheitas de Arouca “sacudiu do torpor rotinas agrícolas desesperançadas e reanimou o orgulho e as cantas e danças arouquenses”, explicam os curadores Jorge Sobrado (vice-presidente da CCDR Norte para a Cultura) e Rita Roque. “É, naturalmente, a sua festa por excelência”.
“Esta é, por isso, uma exposição-tributo desse espírito resistente local e de celebração da identidade cultural arouquense, profundamente ligada à terra, ao canto e à memória do Mosteiro”, avançam os curadores. “Ao tradicional Ora et Labora monástico, juntámos o Cantate!, para fazer justiça à tridimensionalidade da cultura local: espiritualidade, lavoura e canto”, avançam Jorge Sobrado e Rita Roque.
É, justamente, com a Feira das Colheiras que nascem os concursos agrícolas e pecuários, que distinguem os melhores produtos e produtores do ano, assim como os ranchos e grupos etnográficos locais, acompanhados pelo impulso de recuperação e fixação de velhos cantares dos campos, da fé, da festa.
No contexto da exposição, a fotógrafa Lucília Monteiro assina as fotografias contemporâneas inéditas do trabalho do campo e uma coleção de retratos de grande formato de 16 agricultores arouquenses, instalada no piso superior dos claustros. Já as paisagens sonoras que povoam os espaços da exposição, também originais, compostas a partir de registos sonoros locais pré-existentes, foram criadas por Ivo Brandão (neto do fundador). O desenho de luz é de Miguel Ângelo.
Especialmente concebida para os claustros, a sala do capítulo e a cozinha do Mosteiro de Arouca, a exposição resgata aos arquivos e acervos locais fotografias históricas da Feira das Colheiras, iconografias e iluminuras de antifonários, lecionários ou saltérios da antiga biblioteca do Mosteiro, entre outra documentação, antigos instrumentos de trabalho local e da vida quotidiana do campo e textos do cancioneiro de Arouca e de estudos de etnografia. Na cozinha, os curadores projetam uma grande “natureza morta”, representativa do tecido produtivo arouquense e símbolo da abundância do antigo Mosteiro da Rainha Santa Mafalda, das ancestrais festas de primícias e das colheitas no equinócio do Outono.
A iniciativa tem o apoio institucional da Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda, do Património Cultural, I.P., da Associação Geoparque Arouca e da CCDR Norte.
A exposição será inaugurada quinta-feira, 26 de setembro, a partir das 17h00, com a presença da presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, o Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, o presidente da Cooperativa Agrícola de Arouca, Joaquim Reis, e o vice-presidente da CCDR Norte para a Cultura, Jorge Sobrado.