O Mosteiro de Santa Maria de Arouca ruma a um novo capítulo na sua história, com a inauguração da Estrutura de Acolhimento ao Visitante, que teve lugar no passado sábado, dia 26, e que contou com a presença da Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, da Presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, da Diretora Regional de Cultura do Norte, Laura Castro e do Juiz da Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda, Arnaldo Pinho.
“Esta nova estrutura exemplifica um esforço partilhado e participado, imperioso para a preservação e projeção do património cultural português”, disse, dirigindo-se aos presentes, a Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, depois de assegurar que o próximo quadro de apoios comunitários – Plano de Recuperação e Resiliência – será aquele que representará, até à data, maior aposta no setor da cultura, num posicionamento que “é imagem de marca e compromisso deste Governo”.
A ocasião serviu de ponto de encontro para a formalização de um protocolo de cooperação para uma gestão tripartida do Mosteiro de Arouca entre a Direção Regional de Cultura do Norte, a Câmara Municipal de Arouca e a Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda. Através deste protocolo, as três entidades passam a assumir a gestão do Mosteiro de Arouca, de forma solidária e integradora, por via de um modelo inovador e sem paralelo no atual cenário de gestão e administração da cultura, assumindo assim um papel experimental que poderá vir a ser replicado noutros monumentos nacionais.
Para Margarida Belém, Presidente da Câmara Municipal de Arouca, este acordo de gestão “permite relançar e definir o Mosteiro de Arouca como âncora da dinâmica cultural, económica e turística do nosso território. Este é um momento histórico porque conseguimos juntar, na mesma mesa, três entidades e honrar este que é o símbolo maior da nossa cultura”. A autarca frisou ainda que, com a requalificação que permitiu criar uma nova estrutura de acolhimento, “estamos a torná-lo acessível aos nossos visitantes e aos arouquenses, o que nos abre a perspetiva de uma segunda fase de requalificação, de forma a trazer este Mosteiro para o século XXI”.
Com esta primeira intervenção que vem reconfigurar o espaço e dotá-lo de uma nova dinâmica, agora torna-se possível “falar do Museu do Mosteiro e não de um Museu e um Mosteiro, como se de duas entidades distintas se tratasse”, apontou a Diretora Regional de Cultura do Norte, Laura Castro. Neste sentido, e procurando dar continuidade ao investimento agora concretizado, a Direção Regional de Cultura do Norte irá procurar “inscrever o Mosteiro de Arouca como um dos projetos do próximo quadro comunitário de apoio, nas verbas que ao património e à cultura dizem respeito”, sublinhou.
Durante a cerimónia, que contou com dois apontamentos culturais – um concerto de órgão ibérico no Coro das Monjas e uma apresentação das cantas e cramóis do Conjunto Etnográfico de Moldes de Danças e Corais Arouquenses –, decorreu ainda a apresentação do programa museológico preliminar para o Mosteiro de Arouca, que pretende constituir-se como um primeiro para a musealidade deste espaço.
Estrutura de Acolhimento ao Visitante do Mosteiro de Arouca
A intervenção é da responsabilidade da Direção Regional de Cultura do Norte e engloba duas empreitadas, respetivamente, a que se destina à criação de uma estrutura de acolhimento do visitante e a outra que teve por objeto a recuperação dos vãos da Igreja e do Coro. Foi concretizada no âmbito da Operação Mosteiros a Norte – Mosteiro de Arouca, sendo comparticipada pelo Programa Operacional Norte 2020. O apoio financeiro da União Europeia foi no valor de 708.656,92 €, sendo o investimento público nacional no montante de 168.201,17€.
A estrutura de acolhimento visa a criação de condições espaciais e infraestruturais, de equipamento e também de suporte para conteúdos, que permitam prestar um serviço adequado ao acolhimento, acessibilidade e circuito de visita ao monumento, recuperando espaços e ampliando a área já visitável, e revelando vestígios, até agora desconhecidos, do mosteiro anterior ao séc. XVIII.
A intervenção nos 21 janelões da Igreja e do Coro, dois dos espaços mais emblemáticos do Mosteiro, visou resolver os problemas de degradação, já que os vãos nunca dispuseram de encerramento eficaz e condigno, encontrando-se o sistema existente em estado irrecuperável e a ameaçar risco para a proteção dos interiores.